O Pontífice e os carros

Papa Francisco nos deixa neste 21 de abril

No dia 21 de abril de 2025, o mundo se despede de uma das figuras mais marcantes da história recente da Igreja Católica: o Papa Francisco. Conhecido por sua humildade, carisma deu exemplo de simplicidade em todos os aspectos da vida — inclusive no modo como se locomovia.

Menos luxo, mais propósito

Desde o início de seu pontificado, em 2013, Francisco surpreendeu ao rejeitar o uso do Mercedes-Benz Classe S 500, tradicionalmente utilizado pelos pontífices. Em vez disso, escolheu circular em um Ford Focus simples, usado dentro do Vaticano, sinalizando uma guinada simbólica em direção à humildade e à austeridade.

A escolha refletia sua personalidade e valores. Ele já havia feito gestos semelhantes enquanto era arcebispo de Buenos Aires, preferindo o transporte público às regalias da Igreja. Como Papa, essa postura se manteve firme.

Papamóveis: da segurança à simplicidade

O papamóvel, veículo tradicionalmente adaptado para o transporte do pontífice em eventos públicos, também foi alvo da atenção de Francisco. Durante sua visita ao Brasil na Jornada Mundial da Juventude em 2013, ele usou um Jeep Wrangler branco, adaptado com uma cobertura aberta para que pudesse ter contato direto com os fiéis — contrariando recomendações de segurança, mas reafirmando sua disposição de estar próximo do povo.

Outros modelos de papamóveis usados por ele incluem:

  • Mercedes-Benz G-Class (versão com proteção blindada),

  • Hyundai Santa Fe, usado em alguns eventos fora da Europa,

  • Isuzu D-Max, utilizado em Myanmar,

  • Kia Soul e Kia Ray, durante visita à Coreia do Sul, por serem modelos populares e acessíveis no país.

Veículos doados: quando um carro vira solidariedade

Mais do que meios de transporte, os carros oferecidos ao Papa Francisco foram, muitas vezes, transformados em instrumentos de caridade. Entre os destaques:

  • Lamborghini Huracán (2017): uma unidade branca com detalhes dourados foi presenteada ao Papa. Ele nunca a utilizou — optou por leiloar o superesportivo, arrecadando mais de € 715 mil destinados a obras de caridade, incluindo a reconstrução de comunidades cristãs no Iraque e apoio a vítimas do tráfico humano.

  • Renault 4L (1984): um carro clássico doado por um padre italiano. Francisco chegou a usá-lo dentro do Vaticano como uma forma de reforçar sua imagem de humildade.

  • Dacia Duster (2019): modificado especialmente para uso papal durante sua viagem à Romênia. O modelo, apesar de simples, foi adaptado com abertura traseira e espaço para que o Papa pudesse acenar aos fiéis.

  • Fiat 500L (2015): usado durante sua visita aos Estados Unidos, chamou atenção ao contrastar com os enormes SUVs que o escoltavam.

Um legado sobre rodas

A relação de Francisco com os automóveis transcende motores e conforto. Cada escolha refletia sua missão: estar com o povo, evitar excessos e usar os bens recebidos em prol dos mais necessitados. Sua humildade chegou às ruas, estradas e avenidas por onde passou, levando consigo não apenas uma mensagem de fé, mas também de simplicidade e solidariedade.

Hoje, ao lembrarmos do seu legado, os carros que dirigiu ou que lhe foram doados tornam-se símbolos vivos de uma espiritualidade prática e de um amor verdadeiro pelos mais pobres.

Fotos: internet